A palavra obesidade vem do latim obesus = muito e edere = comer. Na antiguidade era conhecida como sinal de riqueza, "boa vida", as pessoas obesas eram bem vistas, por serem consideradas mais saudáveis que as pessoas de porte magro. Porém atualmente a obesidade passou de uma questão de “status social” para uma questão de epidemia Mundial.
A obesidade é definida pelo aumento generalizado da gordura corporal resultante de um balanço energético onde a ingestão supera o gasto. É uma condição de difícil controle com percentuais de insucessos terapêuticos altos e de recidivas frequentes, podendo apresentar na sua evolução sérias repercussões orgânicas e psicossociais especialmente nas formas mais graves.
A obesidade sob o ponto de vista biológico pode se dar por diversos fatores, tais como: influenciada por baixo metabolismo basal, massa magra escassa, por causas endógenas como tratamento de diabetes mellito, alterações nos esteróides ovarianos. Pode também ser favorecida por fatores psicológicos como o estresse, a ansiedade, a depressão, a compulsão alimentar, o consumo excessivo de álcool também estão intimamente associados ao ganho excessivo de peso. A falta de regularidade e controle na alimentação e por ingestão de drogas como antidepressivos, corticosteróides, anticoncepcionais, bloqueadores ß-adrenérgicos, insulina, entre outros.
A obesidade é associada a inúmeras doenças crônicas, como as cardiovasculares (hipertensão arterial, insuficiência cardíaca congestiva e doença vascular periférica), doenças articulares degenerativas (gota, osteoartrite), esteatose hepática, apnéia do sono, além de alterações posturais. Pode gerar disfunções gastrointestinais, como hérnia de hiato e colecistite. Distúrbios dermatológicos, como estrias e papilomas, distúrbios geniturinários, como anovulação e problemas gestacionais. Neoplasias, como câncer de mama ou próstata; distúrbios psicossociais, como sentimento de inferioridade e isolamento social; e outras implicações, como o aumento do risco cirúrgico e também a diminuição da capacidade física e sexual em homens, mulheres e trangeneros.
Durante muitos séculos as pessoas foram expostas à escassez de alimentos e a grandes demandas por atividade física. Recentemente sofremos uma mudança abrupta nos hábitos de vida e estamos atualmente expostos a um estilo de vida sedentário.
Não estavamos preparados biologicamente para essa transição acelerada dos estilos de vida modernos.
A OMS ressalta que a obesidade é uma doença multifatorial com contribuição evidente do ambiente, mas que revela um forte componente genético também. Considera que os genes envolvidos no aumento de peso, aumentam a susceptibilidade ao risco para desenvolver obesidade, quando o indivíduo é exposto a condições ambientais favorecidas.
É preciso entender o “indivíduo” como “uma pessoa humana, considerada em suas características particulares”. Apesar da raça em comum, possuímos, sem exceção, diferenças físicas e biológicas como:
· - Genética: que é o verdadeiro “documento de identidade” do ser humano.
· - Metabolismo: abrange o funcionamento de todos os órgãos e seus componentes.
· - Meio ambiente: inclui aspectos como trabalho, cultura, educação, relações interpessoais etc.
A influência da genética na obesidade já era reconhecida por volta dos anos 70. Mas foi na década de 90, quando se identificou o gene que expressa a leptina, que o conceito sobre essa doença começou a mudar completamente para os cientistas, comprovando a origem genética dessa patologia.
A leptina é uma proteína que “avisa” o cérebro quando o organismo está satisfeito e deve começar a queimar as calorias ingeridas. Tanto o excesso de apetite quanto a pouca saciedade podem ser explicados por fatores genéticos. A queima ineficiente de gordura também pode estar relacionada à leptina ou, ainda a outros componentes orgânicos, como hormônios, enzimas, receptores etc.
Nossas células respondem a nutrientes e hormônios, mas também a sinais físicos, como calor e frio, e comportamentais, como estresse e carinho. Para que todos esses sinais tenham reflexos na molécula de DNA sob a forma de modificações epigenéticas, eles precisam alcançar um compartimento crucial da célula, o núcleo.
Para que os genes possam ser expressos, mediante a chegada dos sinais (mencionados acima), a molécula de DNA precisa ser parcialmente desempacotada, para que os genes fiquem acessíveis à ação de proteínas. Entretanto, diferentes genes são expressos em diferentes momentos e, naturalmente, estão localizados em diferentes regiões da molécula de DNA. Nesse sentido, partes da molécula de DNA são constantemente desenroladas e enroladas, o que se conhece por “remodelamento dos cromossomos”
Dessa forma, o epigenoma pode mudar rapidamente em resposta aos diversos sinais que a célula pode receber. Através da herança epigenética um organismo pode ajustar a expressão gênica de acordo com o ambiente onde vive, sem mudanças no seu genoma.
Os processos epigenéticos definem o acesso da maquinaria transcricional, determinando se o gene está "ativo ou não" em um dado momento.
A regulação epigenética é essencial para o correto funcionamento celular. Alguns fitoquímicos e nutrientes específicos têm sido extensamente estudados com o intuito de modular a expressão dos genes, fazendo com que os “bons genes” se sobressaiam e que os “genes ruins” fiquem silenciados, por exemplo, as vitaminas A, D e E, o resveratrol e muitos outros.
Alimentação equilibrada, exercício físico e tratamentos adequados que ajudem o organismo de fora para dentro e de dentro para fora são as chaves para o remodelamento cromossômico.
Portanto a análise epigenética permite traçar
uma estratégia à partir de
suas particularidades e necessidades e determinar alterações mais
efetivas de acordo com sua pré-disposição.
Podemos modificar os fatores
epigenéticos através de uma ação no ambiente e no modo de vida
com hábitos que influenciarão a desenvolver essas determinadas
alterações, visto que interação entre o ambiente
e os genes de um indivíduo influenciam em
para uma mudança, seja ela positiva ou negativa.
Tais perfis genéticos podem também
influenciar suas gerações futuras, pois são passados de geração
para geração. A epigenética nos trás a possibilidade
de analise mais detalhada e de resultados mais eficientes na redução de peso corporal, tanto para você, quanto para sua família.
O conhecimento
das diferenças entre os depósitos de gordura, o risco relativo entre indivíduos
nos ambientes em desenvolver massa gorda pode por sua vez, deve levar
a abordagens terapêuticas mais racionais, seletivas e principalmente mais
efetivas.